sábado, 1 de janeiro de 2011

Terminalidade

Não há opção. Não há como abrandar ou modificar a ditadura do tempo. Ontem terminou aquilo que começou exatamente há um ano e daqui a um ano vai terminar o que começou hoje. 2010 se retirou à meia-noite e 2011 despontou em seguida. Tem sido assim desde a criação dos céus e da terra. Não se pode dizer que 2010 estava doente e precisou sair para dar vez a um outro ano mais sadio. 2010 seria substituído por 2011, estando ou não sadio.
Outro fim inexorável é o fim da vida. Esse, sim, é mal visto e indesejado por quase todos. Em certo sentido, todos estamos no estado terminal, já que ninguém é absolvido da morte. Mas é na velhice que se pensa mais na morte. Temos inventado muitas expressões para nos referir à velhice de modo mais educado e encorajador: terceira idade ou a melhor idade etc. Outro dia, a advogada Ângela Tuccio, responsável pelo departamento jurídico do Hospital São Camilo, em São Paulo, usou uma palavra muito apropriada: esse último estágio da vida humana deve ser chamado de terminalidade.
Isso me fez lembrar a melhor descrição de terminalidade jamais escrita. Ela está no último capítulo de Eclesiastes, que descreve magistralmente a decrepitude humana — com a idade, tanto a audição como a visão diminuem progressivamente, as pernas ficam fracas e as mãos começam a tremer, os dentes caem, os cabelos ficam brancos, caminha-se perigosamente e passa-se a temer os lugares altos. O auge da terminalidade é descrito como a lamparina de ouro (o dom da vida) que cai e quebra ou como o pote de barro que se despedaça quando a corda que o prendia se parte. O leitor de qualquer idade fará muito bem se ler atenciosamente o 12º capítulo de Eclesiastes.
Há poucos dias, encontrei-me com um missionário irlandês muito enfermo. A doença é grave, progressiva e sem esperança de cura, chama-se ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). Aos amigos, ele confidenciou: "Eu tenho ELA, mas Ele me tem!". Esse mesmo amigo, de 66 anos, também declarou: “Se o Senhor me curar, vocês verão a glória de Deus; e se ele não me curar, eu é que verei a sua glória!”.
Que neste novo ano, sua confiança em Deus, seu respeito por Jesus Cristo e sua disposição de não entristecer o Espírito Santo cresçam a olhos vistos, para você mesmo e para a comunidade. A esperança deve pesar muito mais do que as lamúrias neste final de ano e neste início de outro ano! 

Elben César

2 comentários:

  1. É como dito em Filipenses 1-18:21 : "Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda.
    Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo, segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.". Não há lucro na morte sem Cristo e nem lucro em vida também, pois Jesus é vida e vida em abundância ! Nada nos separará de Seu amor, nem a morte, nem a vida ! Jesus é a viva esperança que vive nós, que nos faz caminhar em pastos verdejantes guiados pela amor e soberana graça. Nunca seremos dignos de tanto favor ! Quanto mais nos preocupamos com nossa vida, mais somos tomados pela nossa própria vaidade, vaidade de vaidades ! Pois ao dar valor a nossa vida nos esquecemos dar valor ao Criador de tudo e único digno de ser exaltado e louvado de eternidade em eternidade ! Que cada vez nos diminuamos cada vez para que Cristo cresça em nós... incluindo nos diminuindo em preocupações fúteis sobre nossa própria vida !

    Graça e paz !

    Cristiano

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  2. Paz Rutinha, texto altamente pertinente! Eu costumo dizer com convicção, que das afirmações mais certeiras que posso fazer quanto ao futuro de uma criança que acaba de nascer, a maior delas esta no fato inexorável de que ela um dia vai morrer (excluindo claro, algo sobrenatural da parte de Deus). Eu não sei qual será sua profissão, não sei com quem vai casar... Posso até ter em casa um super craque de futebol, em fim, até aqueles que nem sequer gostamos de imaginar como seria a vida sem eles um dia irão morrer.
    Creio que se houve alguém que entendeu muito bem a questão da morte foi o apóstolo Paulo, ele certa vez afirmou que preferiria estar com o Senhor, mas que precisava ficar um pouco mais. Para o Cristão que pode dizer “ Se o Senhor me curar, vocês verão a glória de Deus; e se ele não me curar, eu é que verei a sua glória!”. A Morte não assusta e a vida é um prazer.
    Marquinhos.

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